Hoje
eu acordei com a sensação de que nem sequer dormi. Desde cedo, as notícias da
tragédia continuam se atualizando e o pesar aumentando. É uma segunda-feira de
sol, um dia bonito que não combina com esse sentimento estranho. Que domingo
mais pesaroso, mais lamentável, mais doloroso.
Ontem
eu fui tantas pessoas, tive tantos sentimentos... Coloquei-me no lugar daquele
jovem que, de repente, viu a alegria se transformando em terror e sentiu os
seus sonhos sendo sufocados pela fumaça. Pensei na aflição de um pai que
espera acordado na cama o filho chegar da balada, torcendo para que chegue são
e salvo, mas que, de repente, recebe a notícia de que seu filho nunca mais vai
voltar. Senti meu coração apertar ao pensar na mãe que incansavelmente ligava
para o seu filho naquela manhã angustiada de domingo, sem saber que o celular tocava a sua música preferida sobre um corpo agora silencioso. Tentei imaginar
o desespero das tantas pessoas cuja missão de vida é salvar vidas, mas que não
conseguiram salvar todas as que estavam lá. Vi minha mão tremendo ao imaginar
as mãos de quem percorreu com o dedo indicador a lista de mortos desejando não
encontrar um nome conhecido. Senti-me desolada pensando nas famílias e nos
amigos de quem saiu para dançar naquela noite de sábado e que agora tentam entender
o que aconteceu, porque a pessoa não mais voltou. Tampouco voltará.
Que
nó na garganta, que dó no coração. Sonhos sufocados pela fumaça, vidas perdidas
na névoa, esperanças destruídas pelas chamas. Como dói pensar, como dói esse
pesar.
Que
os corações sejam confortados. Que a tristeza seja aos poucos amenizada. A tristeza
deles, a nossa, a de todos que choram nesse dia tão choroso. Minhas condolências, Santa Maria.