segunda-feira, 19 de maio de 2014

Das razões que me são inexplicáveis

Faz vinte minutos que estou olhando para um arquivo em branco no monitor enquanto repouso os dedos sobre o teclado mudo e tento escrever sobre as razões do meu tanto te querer. É difícil encontrar palavras que eu nunca tenha usado para falar sobre você, então me perdoe se eu soar repetitiva — mas é que você se repete o tempo todo em mim.

Trinta e dois minutos, quatro linhas.

Penso em escrever que te quero porque do seu lado eu sinto que encontrei o meu lugar, parece que minha alma sempre tão perdida volta para casa toda vez que estou contigo. Eu poderia dizer que te quero porque quando você segura a minha mão eu sinto um arrepio percorrer o meu corpo e eu estremeço toda, parece que você entra pelos meus poros e ocupa cada espaço vazio que tenho em mim. Eu gosto dessa sensação que me deixa nervosa e me acalma ao mesmo tempo, você é o duelo entre o meu caos e a minha paz.

Quarenta minutos, dois parágrafos.

Ou eu poderia dizer que te quero porque quando você me abraça eu sinto toda a proteção de que alguém precisa para viver em paz, por isso eu pedi para morar no seu abraço — porque não é de hoje que você vive em mim. Quem sabe eu poderia dizer que te quero porque o jeito como você toca minha pele me faz sentir viva — e pela primeira vez em muito tempo eu estou gostando de viver.

Cinquenta e quatro minutos, meio texto.

Paro de escrever neste instante e olho de novo a foto em que você está sorrindo, parece-me tão feliz, e sorrio porque a sua felicidade me faz feliz também. Suspiro e volto a escrever, ou tento, e continuo pensando no que dizer sobre as razões do meu tanto te querer.

Sessenta minutos, preciso de um desfecho.

Eu acho que te quero porque sinto minha paz restabelecida toda vez que te vejo e sei que poderia passar um dia inteiro apenas te olhando, quase sem respirar para não quebrar o nosso silêncio — porque eu gosto do jeito como nossos olhos conversam. Ou talvez eu te queira porque sei que só ao seu lado vou ser feliz, e não me pergunte como tenho tanta certeza assim, eu apenas sei que nunca tive tanta certeza na minha vida.

Uma hora e dez minutos, o tempo passa e eu não canso de pensar em você.

A verdade é que eu poderia escrever páginas e páginas listando as razões do meu tanto te querer, mas penso que me faltariam palavras para explicar o que nem eu consigo entender.

Não há como medir o quanto te quero, não há como descrever por que eu te quero, não há como explicar que na verdade eu não te quero: eu preciso de você.

E ponto final. 

(Publicado originalmente na Confraria dos Trouxas).