quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tantos eus em mim

Quando fiz esse blog, o descrevi como “quase nada sobre um pouco de tudo”, mas, como vocês (poucos) leitores devem ter percebido, tenho escrito muito sobre mim. Não sei o que isso significa... Talvez seja uma tentativa de descobrir quem eu sou. Talvez seja uma forma de tentar me entender. Talvez seja apenas egocentrismo. Talvez não seja nada disso. Talvez talvez. Mas, se for mesmo uma dessas tentativas, não estão dando certo.

Já aconteceu de você parar diante do espelho, olhar fixamente seu próprio reflexo e se perguntar quem é aquela pessoa que te encara do outro lado do espelho? Pois é. Faço isso sempre. E ainda não achei a resposta.

Cresci ouvindo as pessoas falarem sobre mim, coisas do tipo “que menina inteligente, tem um futuro promissor” ou “você é muito decidida” ou “como você é estudiosa” ou “você é um exemplo de menina” ou “vai já secar essa louça”, dentre outras frases ditas, na maioria, pela minha mãe. Aí eu ficava toda feliz, esperando por esse tal “futuro promissor”. Mas, cadê? O ruim de ter expectativas é que geralmente elas são frustradas. Mas ainda acho que o pior é sequer ter expectativas. Essa sou eu.

Outro dia, numa dessas sessões de auto-análise diante do espelho, pensei: “as pessoas falam tudo isso sobre mim porque eu realmente sou assim ou eu sou assim porque as pessoas falam que sou?”. Entendeu? Nem eu. Nunca entendo. Nunca sei me descrever. Nunca sei quem eu realmente sou. Nunca sei qual das Danis eu vou mostrar às pessoas e a mim. Nunca sei qual das Danis eu quero ser.

Se você me pedir para falar sobre mim, minha resposta sempre será “sei lá, cara”. E não é para fazer charme nem nada disso. Respondo assim porque eu realmente não sei.

Sei lá, cara. Sei lá.

Aí eu desisto de tentar me entender, seleciono aquela música e a deixo ocupar meus vagos pensamentos, porque nem eu me aguento mais.


Um comentário:

  1. Faz, relativamente, pouco tempo que eu te leio e uma das coisas que mais me chamam a atenção, além do fato de que seus escritos são muito parecidos com os meus, é que você é muito empírica. Você tem uma base muito forte de escrever exatamente aquilo que você está vivendo ou sentindo, diferente de outras pessoas que precisam sabotar a realidade pra conseguir alguma ferramenta pra escrever. Sua ferramenta é sua realidade, a verdade com que suas palavras saltam do texto faz sua literatura. Clarice escrevia assim. Caio F idem. Pessoas que só precisavam viver pra escrever, que mesmo falando de outras coisas, falavam de si, que se auto analisavam o tempo inteiro. Que escreviam só sobre eles mesmos, como você o faz, mas ao mesmo tempo escreviam para muitos. Continue escrevendo, garota. Você simplesmente arrasa.

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