Essa sou eu, num final de domingo, com as mesmas sensações de sempre.
Sensação de que não vou aguentar mais essa confusão de pensamentos. De repente, a cabeça vira um turbilhão. Começo a pensar em tudo o que preciso fazer, tudo o que fiz e tudo o que eu gostaria de fazer. E aí vem aquela sensação de cansaço, de desânimo, de desespero por ter que começar mais uma semana, esse ciclo sem fim.
E esses sentimentos que não se decidem, hein? Hoje já fui da euforia à depressão em torno de dez vezes. Dez vezes a cada hora.
Eu queria ser tão decidida e tão forte quanto as pessoas pensam que sou. Não passo de uma criança assustada que cresceu sem querer ter crescido e que agora precisa arcar com as responsabilidades que me caem na cabeça.
Preciso de paz, só isso. Aliás, nem sei mais do que preciso.
"Fear in me, stays in me"
Entretanto, sei que vai acontecer algo que será um divisor de mágoas, digo, de águas na minha vida. Tomara que aconteça como espero, "sem pressa, do jeito que tem que ser...".
Domingo, pra mim, é dia de organizar a semana. Ou pelo menos deveria ser.
Ultimamente não consigo nem organizar meus pensamentos, que insistem em voar para muito longe, quem dirá organizar a semana. Quem dirá organizar minha vida.
Eu sempre digo que preciso organizar minha vida, mas a única coisa que consigo organizar são os livros na estante. E olha lá.
Não gosto de domingos. Ele encerra ao mesmo tempo que inicia um ciclo. Um ciclo chato, diga-se de passagem.
Acho que me falta alguma coisa para parar de encarar os domingos desse jeito. Sei bem o que me falta. Mas ainda não posso ter. Ainda.
Enquanto estou aqui tentando me achar no meio da confusão dos meus pensamentos, no meio da confusão da minha vida, encontrei um vídeo de um cover no piano de "Use somebody" (Kings of Leon - banda linda que comecei a ouvir por indicação da Mariana), por David Sides. Já falei que acho lindo o som do piano, não? Falei sim, vai lendo os posts aí pra encontrar porque eu não vou colar o link aqui, se vire. Pois é. Eu amo/sou piano. E achei esse cover a cara desse domingo cinza.
Se em um único dia você me perguntar dez vezes como eu estou, darei dez respostas diferentes.
E a maioria delas será "não sei". É, não sei me descrever. Não sei definir se estou triste, se estou feliz, se estou bem, se estou mal, se estou qualquer outra coisa. Talvez eu esteja sempre "qualquer outra coisa".
Posso começar o dia muito alegre e terminá-lo me sentindo da pior maneira possível. Ou vice-versa.
Vivo numa montanha-russa de sentimentos, de sensações.
Quero descer antes que eu não consiga mais me segurar.
Mas, calma. Antes que você diga que eu preciso de terapia e etc, saiba que esse é meu normal. Como diria a Mari, "preciso trabalhar esse meu lado".
Essa sou eu, uma inconstante.
Sabe quando você vive dias entre a euforia e a depressão? Como diz a letra de Nada fácil, do Engenheiros do Hawaii, “nada fácil, cara, euforia e depressão. Muitas flores no caminho e uma pedra em cada mão”. Pois é assim que estou. E não me pergunteo porquê. Nem eu sei. Mas queria saber.
Hoje acordei meio assim... sei lá. Não sei se é o clima, que resolveu resumir as quatro estações do ano em uma semana, se sou eu mesma ou se é esse vento maluco que me traz uma sensação de melancolia, uma sensação de liberdade.
Sensação de liberdade porque o vento vai onde quer. Ele define seu caminho, sua direção, sua intensidade. E quando ele toca em mim, tenho, mesmo que por um momento, essa sensação de ser livre. Quisera eu ser como o vento. Apesar de fazer as minhas escolhas, nunca me senti livre. Há sempre algum limite, há sempre alguma barreira. Obstáculos que eu não ultrapasso porque.... por que, mesmo?
Sensação de melancolia porque, quando sinto o vento, imediatamente me transporto para o cenário da música Vento no litoral, da eterna Legião Urbana. Essa música, pura poesia do imortal Renato Russo, traz consigo uma calmaria, uma paz... e uma tristeza. Por isso que a amo tanto. Gosto de ouvi-la com os olhos fechados. Assim, consigo me imaginar sobre as pedras, na praia, com o vento no rosto, olhando o mar e lembrando algo que perdi, algo que deixei escapar das minhas mãos.
Talvez eu tenha deixado o tempo se esvair entre meus dedos.
Talvez eu tenha deixado a vida fugir do meu alcance.
Talvez eu tenha escapado de mim mesma.
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Ouça, transporte-se junto comigo e deixe o vento levar tudo embora.
Pois é. Ontem, enquanto o céu parecia desabar, larguei tudo o que estava fazendo e sentei para acompanhar um dos fenômenos mais lindos da natureza. E aí os pensamentos desataram os nós que seguravam presas as minhas angústias. E eu deixei que elas saíssem. Deixei que fossem junto com as gotas que lavavam a grama.
Pensei em tantas coisas, tantos problemas para resolver, tantas preocupações, tantos desejos contidos. Tanta coragem que me falta para algumas coisas. Tantas mágoas que me sobram para outras. Tantos medos que guardo aqui, num lugar onde só eu posso ver. Não quero que vejam meus medos, não quero que vejam minha insegurança, não quero que vejam a menina medrosa que ainda guarda os sonhos de criança e que tem medo de ser adulta. A chuva era como minhas lágrimas que não deixei cair naquele momento. Foram os vinte minutos mais pacíficos que vivi nos últimos meses.
Dei-me conta de quão linda é a chuva. Sim, essa é a palavra: linda. Ela fortalece. Ela limpa. Ela lava. Ela renova. Ela revigora.
Preciso que chova em mim. Preciso que chova na minha vida. Preciso que chova na minha alma.
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Impossível falar sobre chuva e não lembrar de "November rain". Aperte o play e sinta.