sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Obrigada por não ler

Ignore o que vou dizer, eu só preciso escrever. É a única forma que encontro de não sufocar com as palavras que tiram a minha paz, que bagunçam-me por dentro. Eu só preciso que elas saiam de mim e encontrem um pedaço de papel onde possam repousar — e morrer sem serem lidas. A escrita pacifica toda essa confusão que as palavras me causam. Eu escrevo para me salvar de mim.

Eu só queria lhe dizer que eu ainda penso em nós, precisava contar o que sinto, mesmo depois de tanto tempo desde que você partiu. Sei que é uma questão de se acostumar com a sua ausência, mas como se eu não consigo nem me acostumar comigo?

Foi naquela madrugada insone que você voltou a me atormentar. Fechei o livro que me contava como eram os finais felizes e desejei ter um, também. “Como esperar por finais felizes se eu nem sequer tenho começos?”, pensei e ri de mim mesma. Lembrei de quando você me falava sobre o amor, dos laços, dos nós, de nós. O silêncio deixado pela ausência da sua voz me chamando pela madrugada me deixa ainda mais só. Acho que o pior silêncio é aquele que nos faz ouvir os próprios pensamentos. Estendi a mão e liguei o rádio, que sussurrou o nosso blues preferido. Chorei. Tudo à minha volta me trazia você e eu não tinha mais como fugir. Desliguei o rádio e os pensamentos. Pedi que o silêncio tivesse compaixão de mim e me deixasse em paz, que levasse você para longe, que calasse a sua voz que ainda ecoa entre essas paredes que parecem rir de toda a minha paranoia. Chorei. Apaguei a luz e a escuridão me envolveu, assim como fez a solidão quando seus braços me deixaram.

Obrigada por não ler.  Estou bem melhor agora. 

2 comentários:

  1. Como é bom escrever quando queremos desabafar, não é? Ótimo texto... Triste, porém profundo e reflexivo. Acho que tenho o texto perfeito para você...

    http://www.senshit.com.br/2013/10/desapegando-do-que-nao-vale-pena.html

    Espero que goste, Dani.. Beijão

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  2. Nossa! Como me identifico com os textos que você escreve. É triste, porém lindo. Às vezes o que precisamos é, simplesmente, escrever o que não temos coragem de falar.

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