Novembro e suas
angústias, sempre foi assim. Já era fim de tarde, finalmente. Sentara-se à
sombra da mangueira para fugir do sol. Descansava os pés descalços na grama
fresca. Queria descansar a cabeça, também, mas não conseguia. Aquele havia sido
um dos dias mais tensos dos últimos meses. Dia pesado, cansativo, sonolento. Dia
anestesiado. Assim como ela se sentia. Fechou os olhos para fugir de si na
tentativa de se encontrar em seus pensamentos.
E se perdeu.
O dia
angustiante sem vento aos poucos foi sendo levado pela brisa fresca da noite suave
que se aproximava. O vento varria o dia, varria as nuvens, varria as folhas,
varria os pensamentos. Sentiu a pele arrepiar. Abriu os olhos e ousou olhar
para o alto. Seu olhar encontrou no céu melancólico o refúgio que buscava
naquela fuga de si.
O cinza do céu
de repente se misturou com o cinza que havia dentro dela. Naquele instante, já não sabia mais o que era
ela e o que era céu. Perdera os limites. Sentiu que de alguma forma pertencia àquela
imensidão feita de cinzas. Seus olhos se perderam na melancolia gris e seus pensamentos se
aprofundaram na solidão que carregava em si. Um mergulho, um salto, uma fusão. E
tudo se coloriu de cinza.
Sentiu uma breve
eternidade naquele momento sublime. Ela o comemorou com lágrimas. E o céu
brindou com a chuva.
Quero um dia poder comprar seus livros! hahahaha
ResponderExcluirExatamente como foi meu dia ontem e como me senti.
Preciso de férias da vida!
Ah, quem me dera escrever um livro... Acho que as palavras ajudam a aliviar o que sufoca.
ExcluirSomos, de alguma forma, gêmeas. Eu acho.
Preciso de férias da vida e de mim!
Há dias em que tudo está cinza. O interior e o exterior ficam nublados. Os olhos precipitam-se em água. O coração anuvia-se em dor. É sufocante ficar presa em pensamentos. E é mais sufocante ainda não sentir a alma se renovar com o toque da água da chuva. Ainda bem que choveu aí menina. Aqui está uma sequidão. Tanto lá fora, quanto aqui dentro (de mim). Beijos <3
ResponderExcluirUm dia estava chovendo muito quando eu voltava para casa. O céu desde de manhã cinza, sem nenhum sinal de brilho ou quaisquer cores. E foi assim por mais longos dois dias. Dias fúnebres. Enfurnado em casa, brigando contra meus pensamentos e alimentando vagarosamente minhas paranoias. Procurando dentro mim uma razão para ser mais do mundo, ser mais de si, ser um trecho bem escrito nessas linhas tortas dessa imensa folha de ofício branca que é a vida. De fato não encontrei. Mas me questionei. Assim como sempre faço.
ResponderExcluirNo 3º dia o cinza cessou. Deu lugar a um sol escaldante - e até mesmo quando é irritantemente forte ainda sim é belo. As pessoas pareciam mais felizes, as folhas pareciam mais verdes e os bancos da praça mais cheios. Tudo muito vivo, cheio de uma alegria contagiante. Talvez aquelas pessoas tivessem encontrado o seu sol. Assim como eu supostamente também o teria encontrado. Espero que essa menina também o faça, também o encontre.
Mas olhe bem, não é o sol que lhe queime, é o sol que te expurga desse cinza. Não combina com ela.