sábado, 31 de dezembro de 2011

Na beira da estrada – partes 5, 6, 7... não importa mais

Depois de muitos dias se sentindo perdida naquela estrada em que fora abandonada, em que havia pisado em falso, em que haviam lhe tirado o chão, a menina não chorava mais. E começou a pensar em tudo o que havia caminhado até chegar ali. Aquele que soltara a sua mão não sabia dos caminhos que a menina percorrera até aquele momento. E sequer se importou em saber. E ela pensou que ele não merecia suas lágrimas.

Depois de cinco dias ali sentada, sem forças, sem ânimo para levantar e continuar, a menina olhou ao seu redor e percebeu que havia muitas mãos dispostas a levantá-la. E ela pensou que não poderia trocar tantas mãos por apenas as dele. Não podia fazer isso. Não queria fazer. Não era justo. Seria muito cruel com todos os que passavam pela estrada e lhe estendiam a mão para que ela se erguesse. E seria muito cruel consigo mesmo continuar com aquela tristeza. A menina respirou fundo e encheu os pulmões de coragem.

E a menina, com muito esforço e contando com as mãos amigas, se reergueu.

Ela pensou: “oras, se eu já fiz isso tantas vezes, sou capaz de fazer isso de novo”. Por mais que desta vez o tombo tenha sido maior. Mas ela se reergueu.

Agora ela já não contava mais os dias daquela espera. Apenas os deixava passar, sem pressa, sem preocupações.

Ela não riscava mais os dias no seu calendário da angústia.

E a menina decidiu que não pensaria mais. O tempo que resolvesse tudo. O tempo que resolvesse. 

O tempo.

Um comentário:

  1. Só o tempo.
    "E ela pensou que não poderia trocar tantas mãos por apenas as dele. Não podia fazer isso. Não queria fazer. Não era justo." :)

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