segunda-feira, 29 de junho de 2020

Sobre o barco ancorado no cais da solidão

Ancorei o meu barco
à iminência de um naufrágio 
no cais da solidão. 

Ninguém chega, ninguém vai.

Tudo ao meu redor é mar: 
sou nada na imensidão.

Desatino a pensar no que será
das lembranças que trago como bagagem
e nos dias sem Sol que virão. 

Buscam meus olhos a beleza de uma rosa
que vive por si só 
e se basta: 
ninguém a colhe, ninguém para me acolher. 

Ecoa na minha mente a música triste que tocava 
quando sua mão pousou na minha
e eu disse 
"Adeus" - 
para nunca mais voltar. 

Parti no Porto da Saudade
que ficou
para trás.

Meus versos encharcados 
lavam a alma
e me livram da angústia 
e naufragam - 
como quem se atira ao mar. 

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