Já
lhe disse o quanto gosto de me sentar à beira da cama e velar o seu sono? Eu amo
observar seus olhos fechados, seu rosto sereno, sua respiração compassada num
ritmo lento e tranquilo. Adoro passar a mão de leve em seus cabelos, no seu
rosto, tocar seus lábios. Seu sono é sempre tão calmo, tão bonito de se olhar. Ver
você dormir é a minha definição de paz.
Mas,
hoje, você acordou de sobressalto e me encarou apreensivo. Pela primeira vez em
todas essas noites de vigília, você me pareceu assustado, com medo. Vi nos seus
olhos sempre tão calmos o caos instaurado. O que quebrou a sua paz? Parece que
você se perdeu dentro de si. Segurei firme suas mãos e tentei te trazer de
volta, mas você tinha olhos de saudade. Para onde você foi? Você se perdeu no
passado, no presente, no futuro. Onde estamos agora? O problema é querer
delimitar o tempo, como se isso fosse possível. O tempo é enquanto, é quando, é
sempre, é nunca. Ah, meu amor, não se preocupe com o tempo. O infinito não
depende só de ser, depende também de estar. Enquanto estivermos um dentro do
outro, seremos infinitos. E nós somos atemporais, meu bem.
Foi
então que você me abraçou forte e chorou, por mais que tentasse evitar as
lágrimas. Por um instante, você sentiu
que éramos infinitos e eu pensei que fôssemos um só. Não há tempo que nos
defina, não há espaço que nos separe. E eu chorei com você. Não sei lidar com
essas tristezas repentinas que batem, machucam, fazem chorar. Ah, meu amor...
Calma,
está tudo bem agora. Deite-se. Eu vou me deitar ao seu lado e te abraçar até
você dormir. Segurarei sua mão quando você acordar. Não tenha medo. Eu estou
aqui, eu sempre estive, eu sempre estarei. Vamos dormir e sonhar, meu amor,
porque os sonhos também nos fazem infinitos.
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