Não,
eu não sabia o quanto você gosta de me ver dormir... Que bonito isso de ser a
definição de paz de alguém. Você é minha calma e meu caos, sabia? Sinto-me
seguro e perturbado ao seu lado, tudo ao mesmo tempo. Acho que esse não-saber-ao-certo-o-que-sentir
é amor.
Desculpe-me
se te assustei hoje pela manhã, eu tive um pesadelo. Por um instante, tudo
parecia perdido, até que eu encontrei o seu olhar. Eu não sei exatamente o que
sonhei, só sei que acordei com medo. Muito medo. Medo do meu passado que me
assombra, do meu presente instável, do meu futuro duvidoso. Sim, meu amor, não
há como delimitar o tempo, eu sei. Mas eu me preocupo. Hoje, estamos aqui. Mas,
e amanhã? E depois? Não se sabe. Você conhece bem as minhas manias, já está
habituada às minhas paranoias, entende meus medos. Eu não consigo simplesmente
me deixar levar.
—
Eu seguro a sua mão.
Segure
a minha mão e me abraça? Me abraça e me aceita, do jeito que eu sou. Me abraça
e deixa eu ficar em você, porque eu já não caibo em mim. Ah, meu amor, deixa eu
morar no seu abraço? Seu abraço me dá a segurança que preciso para seguir por
esses caminhos que a vida vai desenhando no nosso chão. No seu abraço eu me
sinto mais forte, maior, eu me sinto infinito. Você também sente isso, eu sei. E
as nossas imensidões se encontram e se delimitam pelo contorno dos nossos
corpos envoltos num abraço apertado. Sim, meu amor, somos atemporais. Não
importa onde, não importa quando, nós dois existiremos porque estamos um dentro
do outro, presos em um abraço. Me abraça forte, que minhas fraquezas não
resistirão. Me abraça lentamente, que minha pressa se vai. Me abraça
delicadamente, que minha pele se encontra com a sua. Me abraça intensamente,
que meus olhos buscam sentido nos seus. Me abraça, me aceita, me abraça e não me
solta mais, porque eu quero me sentir infinito sempre com você.
(Resposta a "Atemporal")
(Resposta a "Atemporal")