De repente, eu me vi aqui nesse lugar,
sozinha. Não sei como cheguei nem como vou sair. Estou perdida. É um lugar triste,
vazio, estranho, sombrio. Um lugar abandonado, esquecido, perdido. Não vejo saída
alguma, socorro, eu não consigo me encontrar aqui! Há retratos antigos meus
pendurados nas paredes, mas nenhum deles se parece comigo, nenhum deles mostra como
eu realmente sou. Essa que vejo não sou eu. Por que eu não me veem como
realmente sou? Será que mais alguém pode ver isso que eu vejo, a verdade? Será
que alguém consegue entender que eu não sou assim como nessas fotografias tão
antigas e tão cheias de truques que escondem tantas imperfeições? Deus do céu, será
que alguém pode me ajudar a entender o que está acontecendo aqui? Eu ouço vozes
que dizem que esse lugar é alegre, cheio, lindo, iluminado. Estão loucas! Elas
dizem que sim, que há muita luz e muita beleza aqui, mas — Deus do céu! — elas sabem
o que dizem? As pessoas estão lá fora, como podem dizer que esse lugar é lindo?
Talvez a fachada seja bonita. As paredes são pintadas, eu vi. Parecem que
tentam esconder algo feio, disfarçam imperfeições, impedem de ver a verdade. É
tudo fachada, não acreditem no que os seus olhos veem. Ouçam: esse é o pior
lugar em que já estive. Acho que estou presa, é tudo tão confuso aqui dentro,
não entendo coisa alguma, não sei o que sentir, não sei o que pensar, não sei o
que fazer, socorro. Acho que vou enlouquecer.
Não
aguento mais ficar presa aqui dentro. De mim.
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