Oi.
Entre, por favor. Sente-se e sinta-se à vontade. Conhece bem este lugar. Confesso
que sua presença aqui novamente me deixa meio confusa. E constrangida. Afinal,
quando saiu, sequer fechou a porta. Pensei até que fosse voltar... Ah, por
favor, não repare na bagunça. Ainda estou organizando tudo desde que você
partiu. É difícil arrumar todos esses pensamentos espalhados pelo chão, esses abraços
pendurados nos cabides, essas palavras esquecidas sobre a mesa de canto e essas
lembranças na gaveta. Tudo isso lhe pertence. Ou pertenceu, um dia. Você deveria
ter levado consigo naquela tarde de verão em que virou as costas e disse “até
logo”. Saiu e deixou a porta aberta. E não voltou. Agora isso tudo não passa de
bagunça. Espere, vou buscar mais algumas coisas que guardei no meu quarto. Um momento,
por favor. Aceita um café? Sim, é aquele café de sempre. Você gostava, lembra? Eu
sei que você adora este cheiro. Eu também. Porque ele me lembra você. Ah, sim,
as coisas. Um instante, já volto.
...
Veja
só o que encontrei... Ué, onde está você? Nem vi você sair. Ah, a porta aberta...
Outra vez. Essas suas visitas repentinas não me deixam organizar a bagunça que
deixou em minha vida. Pelo menos você levou alguns pensamentos. Mas deixou as lembranças na gaveta. E essas são as que mais me doem. Depois eu termino
de arrumar tudo. Por enquanto, a gaveta ficará trancada. E a porta, também. É melhor
assim.
E
sequer tomou o café. O cheiro está bom. O cheiro...
Acho
que a saudade tem cheiro de café.
Notas:
- Texto escrito ao som de "Açúcar ou adoçante", de Cícero.
- "Lembranças na gaveta" faz referência ao blog da minha querida Alessandra Rocha, http://lelejt.blogspot.com.br/.
Minha pequena, você me fez chorar de emoção.
ResponderExcluirComecei a ler e sorri na parte que fala sobre os pensamentos espalhados pelo chão, os abraços pendurados nos cabides, as palavras esquecidas sobre a mesa de canto e as lembranças na gaveta.
Me sinto lisonjeada ser citada em seu blog e além disso, ser citada por você menina minha. Por você que tanto amo e quero bem.
Saudade tem cheiro de café e o café tem gosto de melancolia.
Te quero bem minha pequena, te quero inteira minha menina, te quero feliz minha Dani(b)ela.
Nem sei mais o que dizer. Então deixo o meu obrigada e todo o meu amor de sempre. ♥
Sabe que é importante pra mim, por todas as palavras que me disse em momentos de tanta dor e pesar. E por ter segurado minha mão, mesmo à distância.
ResponderExcluirTodo o meu carinho pra ti, linda minha.
Citá-la é um prazer, pois gosto de tuas metáforas e da maneira como faz arte com as palavras.
Imenso abraço, também te quero bem!
=/ cheiro é uma coisa meio cruel, e o pior... é inconsciente. Sentiu, lembrou! Lembrou, entristeceu! =(
ResponderExcluirPercebi que, houve uma recaída? Andaram invadindo o que estava sendo fechado?
Lembranças que vão com a mesma rapidez com que vêm. Mas que vão, o que mais importa. A porta está trancada dessa vez ;)
ExcluirPra mim, que tenho amor pelas metáforas, esse seu texto é uma espécie de shopping center delas.
ResponderExcluirVocê escreve com uma veracidade absurda, como se um roteiro estivesse sendo seguido, uma cena protagonizada pelas palavras.
Ele pulsa, é verdadeiro. A gente lê e fica querendo ajudar a arrumar o seu quarto. Varrer as lágrimas pra baixo de um tapete persa.
Já tinha reparado a sua habilidade pelo twitter.
Percebo que isso vai além dos caracteres mainstream de hoje.
Você realmente consegue fazer chover com mais gotas do que eu imaginava.
Quando um comentário me deixa sem palavras: este.
ExcluirMuitíssimo obrigada. De coração.
Tentei te ajudar a recolher td, mas vc foi muito rápida! Voltou e ainda trouxe café... Ah! Que aroma...
ResponderExcluirAdorei! Bjs
Lindo como sempre, Dani! É tão bom poder ler um texto assim, onde podemos sentir a emoção do autor. É mágico, é como se estivéssemos de perto assistindo tudo.
ResponderExcluirJá falei várias vezes e repito: adoro ler os seus textos!
Saudade com cheiro de café. Adoro cheiro de café, mas nem sempre saudade é coisa bonita.
ResponderExcluirAdorei!
Um beijo