quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Meus olhos no espelho

Meus olhos no espelho me fazem mergulhar em mim. 
Impossível mantê-los abertos diante de tudo o que vejo. 
Ou de tudo o que não consigo ver.
E não adianta desviar o olhar. 
Eles permanecem ali, encarando-me no mais profundo de mim. 
E eu me perco entremeio a tantos eus.
E me canso. 
E fecho os olhos para não me ver mais. 
Fecho os olhos para não me encarar. 
Pena ter de abri-los e me encarar outra vez. E outra vez.
E outra vez. E outra vez. E outra vez. E outra vez. E outra vez. 
E outra vez.
A última vez.

Flores
Olhei até ficar cansado de ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado as flores que estão no canteiro
Os punhos e os pulsos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo o que eu vejo

A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores tem cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes

Flores...
Flores...

As flores de plástico não morrem
(Titãs)

3 comentários:

  1. Consegui sentir esse texto. É tão difícil conseguir sentir, ao invés de ler e pensar sobre ele. Isso é dom, Dani. É dom!
    Que esse seu dom te salve. Que ele possa salvar outros muitos por aí. Assim como eu me sinto salva a ler cada texto seu.
    Salve-se, pois você tem esse poder.
    Pena que eu tenha que dormir logo mais e acordar sem esse sentimento que me foi causado. Gostaria de sentir outra vez. Outra vez. Outra vez. Outra vez. Outra vez. Até que não se possa contar as vezes, por elas já terem virado ser.

    Espero por você aqui, nesse mesmo lugar. Pra te conhecer melhor.
    Cuide-se, menina Dani. Admiro você.

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  2. Nem preciso me olhar no espelho e ver meus olhos.
    Quando os fecho é que consigo sentir tudo. E às vezes dá pena.

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