Eu
não sei como explicar, mas vou tentar. Acho que foi o seu olhar — tão bonito,
tão marcante, tão forte a ponto de prender o meu. Pode ter sido o seu sorriso —
tão sincero, tão bem desenhado, tão radiante a ponto de me tontear. Ou foi o
seu jeito — tão tímido, tão rápido, tão desajeitado a ponto de me desajeitar
também. Na verdade, foi o seu abraço — tão forte, tão bom, tão imenso que me
fez perder a noção de mim. Não sei, moço, eu não sei exatamente o que me
prendeu a você. Só sei que agora estou aqui, presa, imóvel — e sem pressa de
sair. Deixa eu morar no seu abraço? Rabisco seu nome nas minhas incertezas,
desenho seus olhos na minha saudade, vejo o seu sorriso em todos os cantos da
minha calmaria. Acho que você combina com o meu caos. Será que você pode me
organizar? Vejo a imagem de nós dois que vai dançando na minha mente desde que
acordo até a hora de dormir, isso quando não aparece nos meus sonhos. O que
isso significa? Você sabe me dizer? Será que você nos vê também? Eu não sei
mais o que escrever para explicar o que sinto por você, moço, porque você me
deixa confusa. Como explicar o que nem eu entendo? É tudo meio estranho desde
que te conheci, não estou me reconhecendo. Não sei mais o que estou sentindo,
não sei mais o que estou dizendo, não sei. Mas esteja por perto quando eu
descobrir. Do amanhã? Não consigo prever. Do amor? Não sei dizer. De nós? Não
sei o que vai ser. Quer fazer parte das minhas confusões? Ainda não sei que
lugar você ocupa no meu espaço. Eu só quero saber o que você fará comigo quando
eu estiver em você. Faça alguma coisa, moço, porque eu não sei o que fazer com
você em mim.
Texto
publicado originalmente na Confraria
dos Trouxas.